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A importância da gestão e do bem-estar do RH

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O Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização sobre a saúde mental e à prevenção do suicídio, nos convida a um olhar mais atento para a saúde mental. Enquanto reforçamos a importância de apoiar os colaboradores, surge uma outra pergunta essencial: quem cuida do RH? E como assegurar o bem-estar daqueles que estão responsáveis por cuidar dos outros?

Dentro do contexto corporativo, os profissionais de RH e gestores desempenham um papel crucial na criação e manutenção de um ambiente de trabalho saudável. No entanto, frequentemente enfrentam desafios significativos que podem impactar diretamente sua saúde mental. Assim, é fundamental considerar a importância de apoiar o RH e os gestores para garantir que eles possam continuar oferecendo suporte eficaz a toda a organização.

Leia também: Saúde mental no trabalho: qual o papel do RH nessa jornada?

RH e Gestores: na linha de frente do suporte emocional

Os profissionais de RH têm a difícil tarefa de equilibrar os interesses da organização com as necessidades dos colaboradores, e esse paradoxo entre o capital financeiro e o humano pode gerar grande pressão psicológica.

Ao mesmo tempo, são peças centrais na promoção do bem-estar organizacional, responsáveis por implementar políticas de saúde, desenvolver programas de qualidade de vida e criar um ambiente de trabalho saudável.

No entanto, essa dedicação constante muitas vezes resulta em desgaste emocional. A pressão por resultados, o manejo de diferentes personalidades, a resolução de conflitos e a busca contínua por soluções podem levar ao esgotamento físico e emocional ao longo do tempo.

Os gestores, por sua vez, têm a responsabilidade de liderar equipes, tomar decisões estratégicas e alcançar metas, o que demanda grande resiliência. Contudo, essa trajetória pode resultar em considerável estresse. A constante necessidade de estar disponível, lidar com desafios interpessoais e manter a equipe motivada pode impactar diretamente a saúde mental desses líderes.

Quando negligenciamos nosso próprio bem-estar, entramos em um ciclo vicioso. A falta de atenção à saúde mental pode resultar em queda de produtividade, aumento do absenteísmo e maior dificuldade em lidar com situações de estresse. Além disso, profissionais de RH e gestores emocionalmente exaustos encontram mais desafios em prestar o suporte necessário às suas equipes.

Veja maneiras de criar uma rotina saudável

  • Criação de uma cultura de bem-estar: A empresa deve fomentar uma cultura organizacional que priorize o bem-estar mental e físico dos colaboradores. Isso inclui promover um ambiente de trabalho positivo, incentivar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e estabelecer uma comunicação aberta sobre temas de saúde mental, criando um espaço de apoio e conscientização.
  • Promoção do bem-estar: É crucial que as empresas incentivem a prática do autocuidado entre profissionais de RH e gestores. Oferecer programas de suporte psicológico e atividades físicas pode ser uma forma eficaz de ajudar esses profissionais a gerenciar melhor o estresse e os desafios emocionais do trabalho.
  • Incentivo à busca por ajuda: É preciso desmistificar a busca por ajuda profissional e incentivar os colaboradores a procurarem apoio psicológico quando necessário.
  • Reuniões de alinhamento: Realizar reuniões de alinhamento regulares é fundamental para identificar e compartilhar as necessidades de suporte em projetos ou tarefas que requerem assistência adicional. Esses encontros permitem que o RH e os gestores discutam as demandas atuais, ajustem as prioridades e garantam que todos estejam cientes das áreas que necessitam de atenção extra.

    Além disso, essas reuniões ajudam a assegurar que o suporte necessário esteja disponível e que as equipes possam colaborar de forma eficaz para resolver desafios e atingir os objetivos.
  • Treinamento de líderes: Os líderes devem ser treinados para reconhecer sinais de sofrimento emocional tanto em si mesmos quanto em seus colaboradores e para oferecer suporte de maneira adequada.

É crucial, ainda, incentivar a criação de um ambiente de segurança psicológica para os líderes. Acredito que o aspecto mais importante dessa iniciativa é estabelecer uma relação de confiança com a liderança direta. Além disso, é igualmente elementar que o líder seja encorajado a promover um ambiente seguro para suas próprias equipes.

Isso permitirá que o gestor desenvolva habilidades de escuta ativa, aumente o engajamento, melhore os resultados e fomente a inovação, reduzindo a rotatividade e a demissão silenciosa.

Por fim, é válido ressaltar que estudos indicam que o investimento em saúde mental no local de trabalho gera um retorno financeiro significativo, com um retorno médio de US$ 4 para cada US$ 1 investido, segundo relatório da Deloitte.

Porém, para garantir que o impacto seja positivo, é essencial que o RH e os gestores – os líderes na linha de frente dessas iniciativas – também recebam o suporte necessário.

Conclusão

Quem cuida do RH? Essa pergunta é crucial para assegurar a saúde mental dos profissionais de RH e gestores e, consequentemente, o bem-estar de toda a organização. Como vimos, pensar na saúde mental dos gestores envolve um conjunto de fatores. Isso inclui desde a promoção de momentos de conscientização e discussões sobre saúde mental, como campanhas e brindes relacionados ao Setembro Amarelo, até um acompanhamento mais próximo e personalizado desses gestores.

Promover uma cultura de suporte mútuo e valorizar as realizações contínuas são abordagens que não só favorecem os gestores, mas também contribuem para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. Investir no bem-estar dos colaboradores e promover uma cultura de saúde mental evidencia que a empresa valoriza seus funcionários, ao mesmo tempo em que fortalece o suporte interno, melhora o clima organizacional e eleva a eficácia das equipes.

O Setembro Amarelo serve como um importante lembrete de que todos precisamos de cuidados. É fundamental refletir sobre isso, pois ao dedicar atenção ao próprio bem-estar, nos tornamos mais capacitados para oferecer apoio aos outros de maneira mais eficaz e empática.

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Carla Oliveira

Carla Oliveira, psicóloga, especialista em neurociência aplicada ao desenvolvimento de pessoas e organizações, e Head de Pessoas na ADIT Brasil.

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